sábado, 29 de novembro de 2008

Sais Metálicos

Há algum tempo nasceu-me a curiosidade de saber algo sobre a aplicação de sais metálicos na cerâmica, com função colorante, principalmente após ter consultado o livro CERÂMICA ARTÍSTICA, de Maria Dolors Ros i Frigola onde, a páginas 134 a 137 e 156, aparece a descrição da técnica usada pelo ceramista catalão Carlets e respectivas fotografias.
O próprio deu-me dicas a esse respeito, no encontro de Barcelos, já referido noutra data. Fiquei com o “bichinho no corpo” e comecei as experiências.
Os primeiros resultados não me satisfizeram. Mas, mais importante, comecei a perceber melhor o funcionamento dos sais puros, sem diluição, aplicados sobre engobe e a ter noções mais precisas sobre a técnica do Carlets, a qual se realiza a média temperatura (1020ºC aprox.).
A curiosidade e o anseio de desfazer dúvidas surgidas, aumentaram. Foi nesta altura que tive conhecimento que, no CENCAL, Caldas da Rainha, se ia realizar um curso sobre engobes e sais em alta temperatura (1240ºC aprox.).
Claro… Solicitei que me inscrevessem e pude frequentar.
Sob a boa orientação da designer cerâmica Maria Jesus Sheriff, que na instituição exerce as funções de coordenadora da área de decoração cerâmica, o grupo de inscritos utilizou todo o tempo programado (e mais algum ainda) para investigar formulações, experimentar e concluir, tomando as suas notas. A matéria de estudo era pouco conhecida dos elementos do grupo. Fizemos muitas amostras, diria centenas, com diferentes pastas, engobes, colorações com óxidos, com corantes e sais metálicos (diluídos). Utilizamos diversas matérias-primas como fundentes, estabilizantes, perfilantes etc. Servimo-nos de estufa e fornos. Mas acima de tudo da funcionalidade operacional das instalações desde as salas/oficina ao laboratório, sala de moldes, área de pintura (onde a Jesus se perde … e se encontra…) etc.
Todas as conclusões foram de interesse, mesmo as que não produziram os resultados esperados. Serviram para reflexão.
Também de referir que os serviços de apoio aos formandos foram de grande utilidade.
As relações pessoais entre os diversos elementos, dez pessoas com a orientadora, extrapolando para as pessoas do CENCAL que connosco contactaram foram geradoras de simpatia em todas as direcções.
Terminado o curso, seguimos todos para casa da Jesus, a seu amável convite, onde convivemos a jantar, cimentando amizades que já existiam ou se iniciaram.
Se o desejo de conhecer os sais já era grande, maior ficou com o curso, uma vez que, para o fim, os resultados começaram a animar. O sentimento geral é de que devemos continuar o estudo e, assim sendo, vamos exercitar em nossas casas/oficinas e, daqui a três meses, apresentaremos os resultados, reciprocamente, em nova reunião.
J R